Thursday, July 19, 2012

Casa Triângulo - TONY CAMARGO PLANOPINTURAS E VIDEOMÓDULOS

TONY CAMARGO PLANOPINTURAS E VIDEOMÓDULOS ABERTURA: 04 DE AGOSTO DE 2012 DAS 15 ÀS 19 HORAS PERÍODO DA EXPOSIÇÃO: 07 DE AGOSTO A 25 DE AGOSTO DE 2012 LOCAL: CASA TRIÂNGULO ENDEREÇO: RUA PAIS DE ARAÚJO 77 SÃO PAULO/SP 04531-090 TELEFONE: 11 3167-5621 E-MAIL: INFO@CASATRIANGULO.COM SITE: WWW.CASATRIANGULO.COM HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: TERÇA A SÁBADO DAS 11 ÀS 19 HORAS De 04 a 25 de agosto de 2012, a Casa Triângulo tem o prazer de apresentar a quarta exposição individual de Tony Camargo realizada pela galeria, intitulada Planopinturas e Videomódulos. Essa exposição é formada por trabalhos recentes elegidos de três séries bem distintas na técnica, mas que fundamentalmente se relacionam através de uma mesma pesquisa pictórica. São as Planopinturas, as Planopinturas Iconográficas e os Videomódulos. Tendo a cor como uma das bases que harmonizam essa relação, por conhecer a singularidade da pesquisa, coloco mais uma vez as obras à prova, buscando, como sempre, polir e tornar mais claro o assunto proposto pelo rumo de minha pesquisa. Nesse caminho, tem sido necessário dispensar a originalidade e a autonomia como álibis para a existência da obra, afinal não me importa o quão bem eu - diferente de outra pessoa qualquer - vá conseguir “pintar” essa ou aquela “pintura” em específico. Eu vivo e dependo de uma produção totalmente técnica, mas acredito que não é no virtuoso nível de aplicação técnica do qual o trabalho possa depender que a minha arte deve se fundar, ou pelo menos não é essa a ideia de arte que me move. Sem dúvida, através do objeto, em sua técnica, é que se manifesta a arte, afinal ele é mesmo obra “de uma” arte, mas seu caráter pode estar firmado exclusivamente na própria concepção da obra, e não necessariamente na confecção do objeto em si. As Planopinturas, tanto as “abstratas” quanto as Iconográficas, são em essência, desenhos. São criadas como trabalhos autônomos, mas são concebidas como imagens no plano de um universo inexistente, em um mundo de projeções. Elas simplesmente não existem, não estão ali na parede, isso porque estão tão compactadas dentro de si mesmas que escapam de seu próprio lugar, e seu corpo torna-se assim uma “ilusão real”. “Realizar” uma Planopintura é um contrassenso, é tentar realmente fazer o impossível. Porém a arte é o manancial das metáforas que nos livra da agonia dos paradoxos, isso é fato, e é por isso que vale a pena “imprimir” uma imagem dessas no mundo, pra justamente certificar-se de que é impossível propor sua eventual existência, ou enfim perceber de vez sua realidade na clareza transcendente dos seus limites. Naturalmente, a experiência de contemplar uma pintura é um fenômeno totalmente ativo que implica e sugere elementos temporais, porém a pintura é feita pelo sentido de tudo o que é estático, e é esse talvez o grande trunfo dessa linguagem, o poder de revelar o tempo em um plano estático. Os Videomódulos são quase angustiantes em sua imediata e automática aproximação com a linguagem da pintura. Como “seres nervosos”, credulamente pressupondo serem mesmo pinturas, eles dispensam em seu processo o fato de só poderem ser vistos quando estiverem acabadamente “pintados”, porque o seu processo de realização, em suma, é a própria “pintura” acontecendo. De qualquer modo, a pintura condicionada em um espaço compacto é o que sempre obtenho com minha pesquisa. Assim, também um Videomódulo, por incrível que me pareça, embora seja feito de imagens orgânicas, desperta-me sempre as mesmas reflexões de uma Planopintura, indicando, como uma Planopintura, uma condição utópica, mas fascinantemente palpável. No fundo, com arte, desejo criar alguma indagação, e apenas isso, sem precisar me importar em escolher os meios técnicos para a formulação da pergunta e nem me preocupar com as eventuais respostas. TONY CAMARGO [Paula Freitas/PR, 1979. Vive e trabalha em Curitiba/PR] participou recentemente das exposições coletivas Eloge du Vertige: Photographies de La Collection Itaú, com curadoria de Eder Chiodetto, Maison Européenne de la Photographie, Paris [2012]; Geração 00-A Nova Fotografia Brasileira, curadoria de Eder Chiodetto, SESC Belenzinho, São Paulo [2011]; Ponto de Equilíbrio, curadoria de Agnaldo Farias e Jacopo Crivelli Visconti, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo; Clube de Fotografia 10 anos, curadoria de Eder Chiodetto, Museu de Arte Moderna, São Paulo; Estado da Arte, curadoria de Artur Freitas e Maria José Justino, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba [2010]; V Bienal Latino Americana Vento Sul, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba; O corpo da cidade, curadoria de Paulo Reis, Centro Cultural Solar do Barão, Curitiba; Nova Arte Nova, curadoria de Paulo Venâncio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo [2009] e Poética da Percepção, curadoria de Paulo Herkenhoff, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba [2008], entre outras. Realizou exposições individuais no Museu da Gravura, Curitiba [2012]; na Casa Triângulo, São Paulo [2010, 2008 e 2007], na Galeria Casa da Imagem, Curitiba [2010, 2005], no Paço das Arte, São Paulo [2008]; no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba [2007], entre outras. Monografia: Tony Camargo, A Dialética dos Contrários. Textos: Artur Freitas, Agnaldo Farias e Cauê Alves, Editora Berlendis e Vertecchia [2011]. Cauê Alves - A unidade do diverso Para o público que já conhece as Planopinturas e os Fotomódulos de Tony Camargo os desenhos que o artista exibe pela primeira vez em São Paulo podem surpreender. A limpeza formal e a ausência de pincelada, uma vez que as pinturas são feitas com uso de máscaras e compressor, contrastam com o excesso de elementos gráficos dos desenhos e o dado mais artesanal deles. Mesmo que cada uma das séries tenha um caráter próprio e nenhuma dependa da outra para se afirmar, o ponto de interseção entre as pinturas e os desenhos parece estar nos Fotomódulos. Com a cor, Tony Camargo estabelece uma íntima relação entre as camadas de pintura e as cenas mais banais fotografadas. Diversos tons são explorados ao mesmo tempo numa superfície lisa pintada e em imagens como as de um balão de ar, uma peça de roupa ou uma placa inventada. Até as palavras se tornam elementos pictóricos. Há total continuidade entre as pinturas e as fotografias, como se uma interpenetrasse a outra, como se as cores das pinturas se reencontrassem consigo mesmas fora da tela, nas fotografias. E como se as cenas fotografadas, no sentido oposto, se dirigissem para o campo da pintura. O corpo do artista, sempre com rosto encoberto, tem papel central nas fotos. É ele quem porta os elementos coloridos que se desdobram nas superfícies pintadas. Os gestos e posições contorcidas de Tony Camargo, o tronco para um lado, a cabeça para outro e os pés cruzados, são análogos às posições que seus personagens desenhados assumem. Há neles um desequilíbrio e uma posição um tanto desajeitada. É dessa inabilidade e falta de destreza que surge a expressividade dos desenhos. Algo da posição das dançarinas e dos corpos das colagens da série Jazz de Matisse reaparece nestes trabalhos. Entretanto, as formas de Tony Camargo são mais animalescas. Suas figuras flutuam num espaço imaginário, pleno de cores, e se aproximam de formas infantis. Há nos desenhos contrastes entre cores puras que estão ausentes nas suas fotografias e pinturas. Aqui as linhas são inseparáveis da cor e trazem a espontaneidade de uma técnica que se liberta de seus procedimentos mais cristalizados. No processo desses desenhos uma figura surge da outra, por isso elas parecem tão encaixadas entre si. A composição é permeada de fitas adesivas de diversas cores que se mesclam com os traços. Formas orgânicas são entrecruzadas por manchas retas e geométricas das fitas industriais. Tudo se passa como se os tons dos desenhos brotassem do interior da própria fita. Embora cada série de trabalhos seja feita de acordo com suas próprias necessidades e exigências, há claramente uma sintaxe do artista, certo modo de estabelecer relações que identificamos como sendo seu. Percorrendo diferentes técnicas, suportes e temas, Tony Camargo nos mostra que a falta de uniformidade não implica em incoerência. A diversidade não impede que se reconheça uma unidade em sua obra.

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