ARTHUR OMAR- UM OLHAR E SETE VÉUS
Arthur Omar [Minas, 1948] vive e trabalha no Rio. É um artista brasileiro múltiplo,
participante da vanguarda da produção artística contemporânea. Formado em antropologia e etnografia, Arthur Omar criou uma antropologia visual, nos documentários epistemológicos dos anos 1970 e em livros, como os recentes sobre “Carnaval” e “Amazônia”, onde a busca científica se realiza através de uma intensificação estética do material.
Trabalha com cinema, vídeo, fotografia instalações, música, poesia, desenho, além de ensaios e reflexões teóricas sobre o processo de criação e a natureza da imagem. Em todos os campos, Arthur Omar introduziu novas maneiras de pensar, e contribuições radicais a uma renovação das linguagens e das técnicas. Temas como o êxtase estético, a violência sensorial e social e a construção de metáforas visuais marcam toda sua obra, voltada para busca de uma nova iconografia da realidade brasileira. Documentário experimental, fotografia, videoarte, moda, filme de ficção, e videoinstalações, suas imagens migram e se transformam através dos meios, suportes, linguagens.
Sua produção contemporânea em vídeo traz metáforas visuais e relações inusitadas entre imagens e sons, como em “Atos do Diamante”, “Pânico Sutil”, “A Lógica do Êxtase” e o longa-metragem em vídeo “Sonhos e Histórias de Fantasmas”, com desdobramentos no campo das videoinstalações, suporte para o qual desenvolveu uma linguagem própria de forte impacto sensorial e marcada pela imersão do espectador (“Inferno”, “Fluxos”).
Prepara atualmente um livro com mais de 400 imagens sobre sua experiência na Ásia Central.
Exposições selecionadas
1998 – 24ª Bienal Internacional de São Paulo – Instalação fotográfica “Antropologia da Face Gloriosa”, painel com 99 fotografias preto e branco em grande formato, parte de um estudo do rosto e do êxtase fotográfico como dimensão transcendental, série hoje reconhecida como um clássico da fotografia brasileira. Algumas dessas imagens vão dar origem à série colorida “A Pele Mecânica”.
1999 – MOMA, Museu de Arte Moderna de Nova York – Retrospectiva completa de sua obra em filme e vídeo;
Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil.
2000 – Bienal de Valência, Espanha, Bienal de Havana e ARCO, em Madri.
2001 – CCBB Rio e CCBB São Paulo – “O Esplendor dos Contrários” – Série de fotografias de paisagens amazônicas, em que “reinventa o espaço e a luz” e trabalha com efeitos em 3D
2002 – 25ª Bienal de São Paulo – “Viagem ao Afeganistão”, conjunto de 30 fotografias em grandes dimensões compondo “paisagens paradoxais e perspectivas impossíveis”, em que imagens realizadas na zona de catástofre, entre Cabul e Bamyan, desconstroem o olhar jornalístico, apontando para um realismo pós-contemporâneo;
Museu de Arte Contemporânea da Coréia – “Babel”.
2003 – Foto Arte Brasília;
ARCO, em Madri;
LisboaPhoto 2003 – onde ocupou integralmente o Pavilhão de Portugal da Expo, com uma grande retrospectiva de suas fotografias em preto e branco;
Galeria Nara Roesler, em São Paulo, com a série “explosivamente” colorida de faces “A Pele Mecânica”, introduzindo novas técnicas de processamento digital;
Exposição de inauguração do Oi Futuro [na época Centro Cultural Telemar], com a instalação “Dervixxx” – imagens dos dervixes de uma favela em Kabul.
2006 – Oi Futuro, Rio. Ocupou a totalidade do espaço do os três andares e os vidros externos do prédio, com um conjunto de 12 instalações interligadas sob o título de Zooprismas. Esta exposição foi eleita pelo jornal O Globo como a melhor exposição do ano em artes plásticas do Rio de Janeiro.
2007 – VideoBrasil, com uma nova versão de “Dervixxx”, com projeções circulares. O crítico francês Jean-Paul Fargier saudou como “obra maior do vídeo contemporâneo”. “Dervixxx” faz parte da Trilogia Cognitiva, juntamente com duas outras instalações: “Infinito Maleável nº 1” e “A Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos”.
ARCO 2007 Madri – Participou das salas especiais com a obra “Madonas, fotografias do Afeganistão”;
Feira de Arte de Basel, Suíça – Projeto especial, onde estabeleceu um diálogo com a obra seminal de Abraham Palatinik através de sua série de caixas de luz, ainda inédita, intitulada Série Suprema (homenagem a Malevich).
Livros de fotografias
Publicou os livros de fotografias “Antropologia da Face Gloriosa”, “O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia”, e “O Esplendor dos Contrários”. “A Lógica do Êxtase” é o livro de referência sobre sua obra em filme e vídeo.
Prêmios
2001 – Melhor exposição individual, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte à mostra “O Esplendor dos Contrários”, no CCBB SP, e “Frações da Luz”, na Galeria Nara Roesler [série de caixas de luz em que explora a serialidade e a luminosidade interna de imagens vindas de diferentes suportes].
2006 – Melhor exposição do ano no Rio, escolhida pelo jornal O Globo – “Zooprismas”, no Oi Futuro, em que ocupou a totalidade do espaço e os vidros externos do prédio com um conjunto de 12 instalações interligadas.
Arthur Omar – Um olhar e sete véus
Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio
Abertura: 17 de março de 2010, às 19h
Exposição: 18 de março a 17 de abril de 2010
Entrada Franca
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a partir do dia 17 de março de 2010, para convidados, e do dia seguinte para o público, sua primeira exposição individual do ano, “Arthur Omar – Um olhar e sete véus”. O artista múltiplo, uns dos mais instigantes e inventivos do panorama artístico contemporâneo, vai mostrar obras fotográficas em grande formato, todas elas inéditas no Brasil. A maioria foi feita especialmente para a exposição, resultado de linhas de trabalhos recentes que vem desenvolvendo, e que se encontram em progresso. É a primeira vez, ainda, que Arthur Omar mostra seu trabalho em uma galeria carioca.
A exposição ocupará todo o espaço da galeria, e irá abranger obras de três séries inéditas:
• “Antropologia Suprematista”, na qual predomina o branco puro. Oito caixas de luz, onde o artista funde a sua temática antropológica com obras suprematistas do russo Kasimir Malevitch (1878 –1935), autor do celebre “Quadrado Negro”. Duas dessas caixas de luz são uma homenagem ao brasileiro Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética. Nelas, uma luz estroboscópica foi fotografada “de frente, em centenas de variações” que não se repetem, criando uma tapeçaria abstrata.
• “Antropologia Solúvel”, fotografias experimentais a partir do carnaval, com cores saturadas e formas dissolvidas.
• “Madona” – Duas imagens dessa série, que ocupou uma sala especial na ARCO
2007, em Madri.
A mostra trará ainda o vídeo inédito “Um olhar em segredo”. Definido como “filme-ensaio”, de 30 minutos, em que o artista recupera todo o seu trabalho fotográfico, “mas com uma análise da natureza mesma da fotografia, que transcende tudo o que eu mesmo fiz. Composto de pequenos fragmentos dedicados “à fotografia, à câmera, ao olhar, ao instante e ao êxtase”. Em abril, haverá um encontro do artista com o público, na exposição.
Arthur Omar desenvolve desde o início dos anos 1970 um trabalho extremamente autoral em filmes, documentários, fotografias e livros, em que reflete sobre o campo da antropologia. “Sobre até que ponto ela pode dizer a verdade sobre o outro, e sobre até que ponto o documentário pode ser capaz de se aliar a ela de forma produtiva”. “Criei para isso vários procedimentos visuais e sonoros de desconstrução do discurso antropológico, sempre a partir da minha prática estética e da minha experiência perceptiva profunda, introduzindo a singularidade da minha posição no mundo como alavanca para um novo tipo de conhecimento”.
Esse trabalho, chamado inicialmente de “Antropologia da Face Gloriosa”, hoje já se expandiu para outras “antropologias”, “cada uma dotada de um sabor diferenciado”. “Com essas antropologias artísticas, em que a presença da estética é intensificada e conduz o movimento do conhecimento, dando as costas para o aspecto conceitual e sistemático, pretendo dar uma contribuição ao próprio pensamento antropológico”. “É uma pretensão arriscada, eu reconheço”.
A serie “Antropologia da Face Gloriosa” se desdobrou em diversos ramos ou modalidades, como a “Antropologia Suprematista”, alusão ao movimento criado por Kazimir Malevich, conhecido como Suprematismo, em que se ele propunha “a sensação infinita do espaço, não-objetivo, portanto, segundo ele, um espaço supremo, que traduziria uma experiência suprema, e o qual poderia representar diversas dimensões”.
ANTROPOLOGIA SOLÚVEL
A linha mais recente desse trabalho recebeu o nome de “Antropologia Solúvel”, “onde todas as formas se dissolvem em um cruzamento de linhas e em uma multiplicação do espaço”. Nessas obras o artista busca “tentar observar o outro através não da constatação dos seus traços presentes no momento da percepção, mas em uma ênfase do autor que dissolve aqueles traços através dos seus movimentos”. “Na ‘Antropologia Solúvel’, essa aparição que era a do objeto se volta para o sujeito. Sou eu que estabeleço com o outro um conjunto de movimentos que, ao se somarem, vão gerar uma coisa que não existe nem nele, nem em mim. Temos aqui quase que uma alusão direta ao processo de percepção, mais do que o processo de aparição do percebido”.
Arthur Omar estabelece algumas diferenças entre as três series de “antropologia”: “Na ‘Antropologia da Face Gloriosa’, as imagens eram borradas, mas havia um reconhecimento do outro, a ponto de se chamar aquilo de retratos. Na “Antropologia Suprematista”, esse rosto tem os seus elementos progressivamente sendo retirados, para sobrarem apenas fragmentos de detalhes – um negro da pupila, um contorno da boca – com a extração paradoxal, mesmo para uma ‘antropologia’, dos seus atributos raciais e identificadores. E agora, na ‘Antropologia Solúvel’, tudo se dissolve num jogo de sujeito e objeto, simultaneamente. São imagens dissolvidas pelo meu movimento e constituídas de formas inesperadas, caóticas. É a produção de uma coisa nova a partir da relação estética”.
SETE VÉUS
O título da exposição surgiu a partir da ideia de que há vários véus, “interpostos entre o olhar e a coisa, véus que nunca são retirados, é impossível”. Já com as obras prontas e reunidas, Arthur Omar conta que percebeu que o trabalho reflete muito mais seu olhar sobre o véu do que “a coisa velada por ele”. “É como se entre o meu olho e o meu objeto os diversos véus, somados, combinados ou tomados individualmente, o trabalho fosse muito mais olhar para o próprio véu, do que a proposta de mostrar imagens novas de objetos”.
Serviço: Arthur Omar – 1 olhar e 7 véus
Abertura: 17 de março de 2010, às 19h
Exposição: 18 de março a 17 de abril de 2010
Entrada Franca
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro
Telefones: 21.2274.3873 e 2540.6446
Horário: 10h às 20h, de segunda a sexta, e das 12h às 18h, aos sábados
Entrada franca
galeria@anitaschwartz.com.br
www.anitaschwartz.com.br
Mais informações: CW&A Comunicação
Claudia Noronha / Beatriz Caillaux
21 2286.7926 e 3285.8687
claudia@cwea.com.br / beatriz@cwea.com.br
0 Comments:
Post a Comment
<< Home