EXPOSICAO: MARCELO RANGEL
Pinacoteca celebra o Mês da Consciência Negra
Marcelo Rangel – PARA COBRIR O SILÊNCIO
A mostra, que conta com 45 imagens em cores e preto e branco, entre dípticos e trípticos, busca aprofundar o diálogo entre arte e religiosidade na linguagem fotográfica contemporânea. Registrando detalhes de rituais e seguidores do candomblé, a série de Marcelo Rangel capta as nuances do sincretismo religioso afro-brasileiro, sua dimensão simbólica e mítica, sua visão da polaridade cultural estabelecida – que ao mesmo tempo congrega tradições e ilumina diferenças.
PARA COBRIR O SILÊNCIO
Marcelo Rangel
Candomblé é o nome dado na Bahia às cerimônias africanas. Ela representa, para seus adeptos, as tradições dos antepassados vindos de um país distante, fora de alcance e quase fabuloso. Trata-se de tradições mantidas com tenacidade, e que lhes deram a força de continuar sendo eles mesmos, apesar dos preconceitos e do desprezo de que eram objeto suas religiões, além da obrigação de adotar a religião de seus senhores. Mas, para que aos olhos dos senhores parecessem simples distrações de negros nostálgicos, cada divindade africana teve que ser assimilada aos santos e virgens da religião católica. Foi assim que, ao abrigo de um aparente sincretismo, as antigas tradições mantiveram-se através do tempo. Com o tempo houve uma evolução e o sincretismo afro-católico, que, originariamente, era apenas máscara, tornou-se mais sincero.
Tendemos a representar como símbolo aquilo que está acima da compreensão humana. Igreja e “terreiros”, liturgia católica e ritos africanos arcaicos, a etnia do negro e do branco, o velho mundo do europeu conquistador e a África ancestral, parecem fazer convergir os contrários, mas, simultaneamente iluminar as diferenças.
Enfocados pelo artista de forma poética, evidenciando o humano e o sagrado, redimensionando os mitos com cores e recortes muito particulares, Para Cobrir o Silêncio revela a presença da África através do desconhecido, da construção da metáfora, da interpretação do simbólico, das polaridades como constante questionamento.
A mostra, que conta com 45 imagens em cores e preto e branco, entre dípticos e trípticos, tem como objetivo promover a cultura afro-brasileira, proporcionando um maior diálogo entre arte e religiosidade no Brasil; questionar o imaginário do público através de detalhes de ritos do candomblé, buscando diferentes reações diante de um tema polêmico; e apresentar opções para uma linguagem fotográfica contemporânea.
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