MARIANO KLAUTAU - FAUNA GALERIA
Mariano Klautau explora dualidades em mostra individual na Fauna Galeria
Hoppe 1 e Matéria Memória 7
Fotógrafo paraense articula 14 obras de duas séries de dípticos e trípticos
em Finisterra, que abre no dia 22 de setembro em São Paulo.Entrada gratuita.
A Fauna Galeria inaugura no dia 22 de setembro, quarta-feira, a exposição Finisterra, do fotógrafo paraense Mariano Klautau Filho, com 14 fotografias coloridas e texto de apresentação da crítica Marisa Mokarzel. A mostra é produzida a partir das séries Matéria Memória e Hoppe, realizadas entre os anos de 2002 e 2007, onde o artista articula a dualidade de imagens colocadas lado a lado, explorando o tempo concreto que se inscreve na paisagem interna do expectador. Fica em cartaz de 23 de setembro a 23 de outubro, em São Paulo.
A palavra finisterra é um termo ligado ao campo da geografia que significa ponto extremo de uma região, lugar ou país. É composta por finis (fim em latim) e terra em português. O significado de fim indica uma pluralidade de sentidos como limite, fronteira, ponto, causa final, falecimento, assim como indica a ação de terminar, definir, delimitar, demarcar. Terra, por sua vez, tem diversos significados, muitos deles ligados à idéia de lugar, localidade, território, chão. Nesta perspectiva, Klautau imagina os lugares criados nessa série como territórios onde vivemos, espaços onde construímos uma identidade, um espaço mutante com o qual lidamos com o tempo e suas durações.
Matéria Memória é uma série em cor que propõe a articulação de duas imagens em cada obra, onde o artista busca uma dinâmica entre paisagem exterior e interior, daquilo que está no limite entre a visão aberta para o horizonte. Hoppe, por sua vez, faz uma alusão direta à atmosfera de determinadas cenas pictóricas do pintor americano Edward Hopper (1882 – 1967). Aqui, a dualidade de imagens permanece, porém é ampliada para um exercício em que a presença de personagens ganha peso, intensificando o experimento narrativo e ficcional com a mídia fotográfica.
“A partir de imagens que chamo de diários visuais, captadas em lugares e tempos diferentes, Finisterra propõe-se pensar a imagem como matéria concreta da imaginação. Trata-se de um ensaio sobre uma possível paisagem interna ligada a uma memória urbana onde o vago, o fluido, tornam-se matéria para a imagem fotográfica” atesta o artista.
Para Klautau, a exposição propõe narrativas que estão além das imagens. Em sua produção, a fotografia funciona como mais um exercício de ficção para o espectador, onde os lugares captados passam a ser imagens com novas significações. Segundo o artista, a articulação de diferentes estímulos visuais cria uma tensão que pode estar no espaço vago entre eles, insinuando-se ao espectador como imagem mental. Em Finisterra, as narrativas articulam cidade e personagem, ou ambiente e experiência. O uso da cor em muitas fotografias é arbitrário e às vezes reforça um detalhe ou tom encontrado na outra imagem paralela.
“Mariano Klautau Filho constrói tensas narrativas, nas quais se percebem vestígios de quadrinhos, pintura, cinema e literatura, linguagens que ajudam a compor uma intimidade sempre confrontada com cidades não identificadas, paisagens marítimas, céus ou ruínas. (...) Cada díptico, ou tríptico, faz sentido isolado ou em conjunto, mesmo que este sentido seja móvel e tenha uma nova tradução a cada olhar.”, escreve Marisa Mokarzel.
Finisterra foi apresentada em Belém em 2008 e em Montevidéu em 2009. Algumas obras que compõem a série têm sido exibidas em coletivas no Brasil e exterior como Desidentidad – Museu de Arte Moderno de Valência (Espanha) em 2006, Finisterra – Carta Aérea – Kunsthaus em Wiesbaden (Alemanha) em 2008, Realidades Imprecisas - Sesc Pinheiros em São Paulo em 2009, Equatorial - Centro Cultural Brasil-México na Cidade do México em 2009, Da Gênese Convulsiva – Micasa em São Paulo em 2009, A Brush with Light – Riverfront Theatre & Arts Centre em Newport (País de Gales) em 2010, e, mais recentemente, na 14ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografia em São Paulo, em agosto de 2010.
Mariano Klautau Filho (Belém, PA, 1964)
Graduado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Pará e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC SP, Mariano é fotógrafo, pesquisador e produtor cultural com foco em projetos sobre memória e paisagem urbana. Em sua atuação no meio fotográfico em Belém, onde reside, é consultor da Associação FotoAtiva, integra o grupo Caixa de Pandora ao lado de Claudia Leão e Orlando Maneschy. Atualmente é professor de fotografia da Universidade da Amazônia, coordenador do projeto de publicação e acervo “Fotografia Contemporânea Paraense – Panorama 80/90” e organiza desde 2002 o Colóquio Fotografia e Imagem, realizado pela Associação Fotoativa. Ganhou o Grande Prêmio de Fotografia no Salão Arte Pará em 2001 e foi selecionado para Bienal de Havana de 2006. Possui obras nos acervos da Fundação Biblioteca Nacional - Rio de Janeiro, Museu de Fotografia da Cidade de Curitiba, Museu do Estado do Pará (Belém), Museu de Arte Brasil-EUA (Belém), Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM SP, Coleção Joaquim Paiva e na Coleção Pirelli-Masp do Museu de Arte de São Paulo.
SERVIÇO:
Evento: mostra individual Finisterra do fotógrafo Mariano Klautau Filho
Local: Fauna Galeria
Abertura: 22 de setembro, quarta-feira, das 19 às 23 horas
Período expositivo: de 24 de setembro a 23 de outubro
Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 470, Jardim América, São Paulo, SP
Horários de abertura: de 2ª a 6ª, das 10 às 19 horas; sábados das 11 às 15 horas
Telefone: (11) 3668 6572
Entrada gratuita
Classificação: Livre
www.faunagaleria.com.br
Mais informações para a imprensa:
Décio Hernandez Di Giorgi
Adelante Comunicação Cultural
www.adelantecultural.com.br
dgiorgi@uol.com.br
Tel.: (11) 3589 6212 e 8255 3338 (cel.)
FINISTERRA
Entre a realidade e a ficção Mariano Klautau Filho constrói tensas narrativas, nas quais se percebe vestígios de quadrinhos, pintura, cinema e literatura, linguagens que ajudam a compor uma intimidade sempre confrontada com cidades não identificadas, paisagens marítimas, céus ou ruínas. O fora e o dentro comungam um mesmo espaço e uma linha divisória determina o corte, ora sutil ora contundente. Há uma serena e inquieta imagem, há seqüências sem prosseguimentos, junções de cenas sem intenção de continuidade. No entanto, cada díptico, ou tríptico, faz sentido isolado ou em conjunto, mesmo que este sentido seja móvel e tenha uma nova tradução a cada olhar.
Novas realidades se formam, interligando-se aos fragmentos cotidianos, tecendo diferentes enredos. Nicolas Bourriaud considera que a arte contemporânea pode configurar-se como uma mesa de montagem e quem sabe pode-se imaginar que, nela, vidas e misturem sem que se chegue ao final da história. Os personagens sugeridos, não revelados, que povoam o espaço imagético do fotógrafo do artista navegam um mar desconhecido, perdem-se na extensão da água, penetram outros oceanos.
As técnicas que conjugam fotogramas digitalizam imagens monocromáticas e redesenham referências da pintura de Hopper, do filme de Alejandro Iñárritu, Wim Wenders ou Antonioni e promovem a ambivalência ficcional de uma realidade subjetiva, vivenciada. São fotografias que acolhem personagens não exatamente solitários, mas suspensos em um isolamento indecifrável. Enigmáticas, as cenas exigem um tempo expandido para serem percebidas.
A síntese desse estado de suspensão talvez esteja na nitidez do navio que, à deriva, não encontra o seu destino. Jamais se decifra o porto, a próxima parada. A imagem esgarça-se na despedida, no ponto que se perde no infinito. Há sempre um passageiro, um estrangeiro errante. Há um ponto extremo nunca alcançável: o Finisterra a acolher os amantes.
Marisa Mokarzel
1 Comments:
Olá Célia,tudo bem?
Espero que ainda tenha este blog ativo. Bom,gostaria de manter um diálogo contigo sobre este blog.Motivo: tenho desenvolvido uma pesquisa sobre fotografia e novas mídias.
Me escreva:
anesio.azevedo@gmail.com
Att.
Post a Comment
<< Home